Mito de Narciso:

Mito de Narciso

O Espelho e ele mesmo! Uma breve análise sobre o mito

Narciso: significado na mitologia

(fonte: https://mitologiagrega.net.br/narciso-o-espelho-e-ele-mesmo/ ) Texto adaptado.

  • Narciso é um personagem da mitologia grega e romana, pois ambas as mitologias compartilhavam um grande número de histórias e personagens.

  • Narciso era filho de Cefiso e Liriope. Cephysus era um deus do rio na mitologia grega, descendente de algumas das divindades da Grécia. Já sua mãe, Liríope, era ninfa, sendo estes espíritos associados à natureza.

Vidente Tirésias

  • Liriope foi avisada por um vidente cego de Tebas, cujo nome era Tirésias, que seu filho seria muito feliz e viveria muitos anos. Contudo, para isso acontecer ele jamais deveria olhar sua imagem refletida em algum lugar. Porém, isso foi difícil de realizar, pois os pais de Narciso eram criaturas da mitologia associadas a rios, lugares onde Narciso podia ver sua imagem refletida.

  • Narciso era um jovem muito atraente e belo, podendo com a sua simples presença fazer com que todos os homens e mulheres que o vissem se apaixonassem, mesmo que apenas uma vez.

  • Desse modo, isso tornava Narciso uma pessoa muito vaidosa, desprezando qualquer um que se apaixonasse por ele. Além disso, ele era incapaz de ver a beleza de qualquer outra coisa, nem mesmo da natureza ao seu redor. E é essa grande vaidade que nos leva ao seu mito.

Mito de Narciso e Eco: a versão romana

  • A versão romana desse mito tida como verdadeira considera a mais popular. Essa versão é aquela que costumamos ter em mente quando falamos de Narciso.

  • A história romana do Mito de Narciso é contada por Ovídio, um poeta romano que adaptou muitas histórias gregas ao contexto romano, sendo uma delas a de Narciso. Nessa versão diz que enquanto Narciso estava na floresta caçando veados, ele foi visto por uma ninfa chamada Eco.

  • A moça, por sua vez, era uma Oréade, uma espécie de ninfa ligada às montanhas que foi criada pelas musas e de quem ele disse que sua voz era capaz de falar as vozes mais bonitas do mundo.

Eco se apaixona

  • Eco chamou a atenção de todos pela voz, e isso deixou Hera com ciúmes, temendo que seu marido Zeus pudesse cortejá-la. Portanto, Hera fez com que Eco só pudesse dizer as últimas palavras que ouviu da pessoa com quem falou.

  • Narciso tinha certeza de que alguém o estava o observando e falou para a área onde achava que a pessoa estranha estava. Ao encontrar com Eco, os dois trocaram algumas palavras e ela se atreveu a sair do esconderijo, tentando abraçar seu amante.

  • Contudo, Narciso a rejeitou da mesma forma como ele havia rejeitado qualquer pessoa em toda a sua vida. Por isso, Eco fugiu com o coração partido.

Deusa da justiça e da vingança

  • Este grande ato de desprezo chamou a atenção de algumas divindades, mas a única que ousou intervir foi Nêmesis, a deusa da justiça e da vingança. Esta divindade, conhecendo as palavras de Tirésias, decidiu se vingar do jovem Narciso.

  • Nêmesis usou todas as suas armas para enganar Narciso, fazendo com que ele se aproximasse de um riacho e visse seu lindo rosto refletido ali. Ela fez com que ele não conseguisse parar de olhar para si mesmo.

Análise do mito de Narciso:

Narciso inicialmente parece ser uma figura fútil e vaidosa, mas também pode ser vista como uma auto descoberta, pois para amar outra pessoa é preciso antes, o reconhecimento e o amor de si mesmo. Caso contrário, é um exercício triste e muitas vezes são infrutíferas querer procurar na outra pessoa o que o individuo ainda não encontrou em si. Significa que, querer encontrar no outro aquilo que lhe falta, tornará todo tipo de relacionamento já predestinado ao fracasso.

Entretanto, o egoísmo aparente de Narciso, na realidade é o início da descoberta do nosso próprio merecimento de sermos amados. Frequentemente, esse é o início da genuína capacidade de amar outra pessoa individualmente, em vez de destinar toda sua energia, todas suas qualidades e fornecer tudo que o outro precisa na tentativa e na esperança de recebermos algo em troca para nos sentirmos completos. Desta forma, podemos compreender que Narciso é uma figura ambígua, de um lado a contínua renovação, esperança no amor e a capacidade de amar mesmo passando por um relacionamento infeliz. E, por outro lado, o sentido literal do mito como a valorização de si mesmo.

Neste processo, podemos entender que haverá um momento que é preciso "olhar no espelho", para podermos enxergar nossa imagem corretamente, ou seja, parar, refletir e nos valorizar mais, como descreve o mito que é na verdade, o início da cura. Porque sempre depois de uma penosa separação, ou rompimento em que se perde o ser amado, muitas pessoas passam por um longo tempo em uma espécie de crepúsculo emocional, durante o qual elas têm o sentido de não ter mais nada par dar aos outros. Nesse período, o individuo tampouco cuida de si. Mas a delicada renovação da capacidade do ser humano de amar muitas vezes assume a forma de um interesse lento e gradativo por si mesmo, proporcionando prazer ao invés de dor ou lembranças dolorosas do rompimento. esse processo ocorrerá antes do individuo estar pronto para arrisca a mais um encontro emocional.

Com o tempo, essa imagem frágil e delicada, mal interpretada, que sempre foi prejudicada, amadurecerá e com o tempo aprenderá a se amar, se tornará feliz em sua completude, sem precisar procurar isso em outra pessoa. Narciso é na verdade um mito que nos ensina amar si mesmo, que de alguma forma representa o amor transformado e amadurecido, para depois encontrar o amor por outra pessoa, mas sem sofrimentos, sem apegos. É mover-se de dentro para fora e para outras pessoas. (Texto adaptado de Liz Greene).

Nas teorias de Freud, podemos encontrar referencias em diversos volumes (X, XI e principalmente XII), sobre Narcisismo Primário e Secundário. Ao fazer referências sobre o mito, Freud fundamenta sua teoria apontando que é uma fase do desenvolvimento humano, ou seja, uma passagem de um autoerotismo e autopreservação, (valor concentrado em si mesmo), quando prevalece o Narcisismo Primário e após isso, ocorre uma transição em um segundo momento, ou seja, quando elegemos outra pessoa como objeto de amor e desenvolvemos habilidade de conviver com aquilo que é diferente. Há casos, em que determinadas pessoas sofrem com essa situação, geralmente quando apresentam incapacidade de se relacionar. Diante deste contexto, que o mito tornou-se tão popular.